Cinco professoras e pesquisadoras da Universidade Federal da Bahia, que se destacam nas áreas de Ciências Exatas, da Terra, Biológicas e Engenharias, são as vencedoras da primeira edição do prêmio ‘Bahia pela diversidade – Mulheres nas Ciências’, que foi realizado nesta quinta-feira (30), no Museu de Arte da Bahia, em Salvador. Na categoria Destaque, foram premiadas as professoras Blandina Viana, do Instituto de Biologia, e Vanessa Hatje, do Instituto de Química. Na categoria Jovem Pesquisadora, foram premiadas as professoras Darizy Flávia Silva Amorim de Vasconcelos, do Instituto de Ciências de Saúde, Eliane de Oliveira Silva, do Instituto de Química e Luciana Silva Salgado, Instituto de Matemática.
“A premiação tem um valor simbólico fabuloso, na medida em que representa uma ação no sentido da reversão da invisibilidade das mulheres cientistas, nas áreas das ciências biológicas e mais ainda nas áreas das ciências exatas e da terra”, declarou a chefe de gabinete da UFBA Suani Rubim de Pinho, que, pesquisadora de Física, tem grande interesse na participação feminina nas ciências e representou o reitor na cerimônia. Ela lembra que, juntamente com a professora Tatiana Dumet, participou dos debates que resultaram na criação desse prêmio.
“Dados e trabalhos indicam que a participação feminina se reduz à medida que se ascende na carreira científica. Esse quadro não é exclusividade da área acadêmica, mas certamente é reforçado na medida em que as atividades de pesquisa exigem mobilidade e dedicação em tempo mais que integral. Certamente todas as que hoje recebem esse prêmio viveram a dura realidade de uma sociedade em que a dedicação à família ainda pressupõe uma participação desigual, nesse caso com maior contribuição feminina. Reverter esse quadro é também tarefa árdua”.
O prêmio é resultado de uma parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), e tem como objetivo dar reconhecimento ao trabalho de cientistas que contribuem para o desenvolvimento da pesquisa e tecnologia no estado, valorizando, ao mesmo tempo, a participação de mulheres em áreas da ciência ainda de predominância masculina, como as engenharias e ciências biológicas.
As vencedoras foram escolhidas por meio de consulta pública, realizada através do site da Fapesb. Além do troféu, elas receberam uma premiação em dinheiro nos valores de R$ 15 mil para duas pesquisadoras com pelo menos oito anos de experiência e R$ 5 mil para as quatro mais jovens. A iniciativa tem como objetivo promover a diversidade no campo cientifico.
Blandina Viana, umas das duas pesquisadoras homenageadas na categoria Destaque, ressaltou a importância da premiação, que reconhece a trajetória acadêmica da pesquisadora e, ao mesmo tempo, exalta a posição da mulher na ciência. Blandina enfatiza ainda a possibilidade de a premiação tornar-se um fato inspirador para as jovens estudantes, estimulando o ingresso em carreiras cientificas onde ainda há uma predominância do sexo masculino. “A gente espera que um prêmio como este estimule mais meninas a seguirem a carreira nas ciências”.
A ênfase em Ecologia de Comunidades de visitantes florais e em Ecologia da interação planta-polinizador, serviços de polinização em agroecossistemas e em Biologia e manejo de Abelhas é o foco da pesquisa da professora Blandina, buscando aliar a produção de alimentos e a conservação da biodiversidade e dos ecossistemas. Sua pesquisa, testando soluções que intensifiquem a adoção de soluções ecológicas para a arquitetura, tornou-a uma das representantes do Brasil na Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), das Organizações das Nações Unidas, organismo intergovernamental independente, criado em 2012 em resposta às preocupações da comunidade científica sobre a falta de esforços internacionais para combater as ameaças à biodiversidade.
Vanessa Hatje, professora do departamento de Química Analítica do Instituto de Química da UFBA tem na oceanografia química o principal foco de sua atividade docente e de pesquisa, sendo a poluição marinha, a biogeoquímica de metais traço e biomonitoramento marinho suas principais áreas de atuação. Vanessa integra o comitê de oceanografia do CNPQ e o projeto internacional Geotraces. Ela foi uma das idealizadoras do projeto de monitoramento da Baía de Todos os Santos, e se dedica ao estudo de outros ecossistemas, como a Baía de Camamu, em projetos que visam contribuir para a qualidade de vida do ambiente e de sua população, a partir da sistematização, articulação, produção e disseminação de conhecimentos sobre o seu ambiente físico.
O presidente interino da Fapesb, Lázaro Cunha, em declaração publicada no site da instituição, afirmou que as próximas edições terão temáticas semelhantes. “O edital que deu origem a este prêmio integra um programa de apoio à diversidade. Esta edição teve como foco a participação de mulheres na ciência, para as próximas, a nossa ideia é que outros grupos que são sub-representados nas áreas da ciência, tecnologia e inovação sejam contemplados com essa premiação, como os indígenas, negros e membros do grupo LGBT”.
A secretária de Políticas para as Mulheres do Estado, Julieta Palmeira destaca que a premiação com o recorte de “Mulheres na Ciência” é um impulso para promover a presença feminina nos vários espaços da sociedade. “O Brasil é o segundo país em participação feminina na ciência, mas esse protagonismo não é muitas vezes visibilizado e reconhecido. Essa premiação é um começo para valorizar e ampliar a presença feminina na pesquisa e geração de conhecimento. Estamos contentes em dar esse ponta pé inicial junto com órgãos parceiros, beneficiando baianas que fazem a diferença e contribuem para a superação da desigualdade de gênero”, reiterou.
Fonte: EdgarDigital