A presidente Dilma Rousseff resolveu consolidar a política de interiorização do ensino superior praticada nos dois mandatos do ex-presidente Lula. Sua primeira medida será o anúncio oficial da criação de mais universidades, no próximo dia 16, em reunião com reitores de todo o país. As novas instituições ficarão localizadas nos estados da Bahia (duas delas), Ceará e Pará. Além disso, serão construídos novos campi em universidades já existentes nesses estados e em outros quatro: Santa Catarina, São Paulo, Goiás e Maranhão. Dilma vai anunciar também a instalação de novos institutos federais de ciência e tecnologia.
No estado da Bahia serão criadas duas novas universidades, a Universidade do Sul, que terá campi em Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas e a Universidade do Oeste, a partir do campus da UFBA em Barreiras, que contará com campi em Barra, Bom Jesus da Lapa, Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. Camaçari ganhará uma extensão da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e em Feira de Santana será instalada uma extensão da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB). O pacote de anúncios incluirá também a criação de nove novos Institutos Federais Tecnológicos (IFETs): em Xique-Xique, Serrinha, Itaberaba, Alagoinhas, Santo Antonio de Jesus, Brumado, Lauro de Freitas, Juazeiro e Euclides da Cunha.
A reitora da UFBA, professora Dora Leal Rosa, destacou a importância da iniciativa para o crescimento sustentável do estado, ressaltando “este conjunto de decisões confirma o acerto do projeto de expansão da nossa instituição universitária que, além de ampliar a oferta de cursos e vagas estimula a expansão e o desmembramento dos seus campi do interior do estado, como já aconteceu com a UFRB e hoje acontece com o oeste do estado, contribuindo com o desenvolvimento sustentável da região”.
Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, a nova expansão busca atender os estados que têm menos de dez vagas de ensino superior para cada 10 mil habitantes. O objetivo é consolidar a interiorização do ensino superior. "Precisamos pensar de maneira estratégica, a longo prazo", disse o ministro em reunião com a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Os reitores receberam bem a notícia e elogiaram a iniciativa, mas cobraram as promessas da primeira expansão, iniciada no governo Lula. "Somos sempre a favor da criação de novas oportunidades, desde que elas venham acompanhadas das condições necessárias à sua implementação", afirma João Luiz Martins, presidente da Andifes. "Precisamos começar essa nova etapa com o Reuni equacionado. As coisas do dia-a-dia precisam ser resolvidas para que tenhamos tranquilidade de discutir um projeto estratégico de longo prazo". Uma das "coisas do dia-a-dia" é o projeto de lei que cria novos cargos para professores e técnicos das universidades. Segundo o secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, o projeto ainda está sendo discutido e o número de vagas ainda permanece indefinido. "Precisamos enviá-lo ao Congresso Nacional antes do dia 31, quando começa a ser discutida a lei orçamentária de 2012", afirmou.
Outra pendência é a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que deverá ser responsável por todos os 46 hospitais universitários do país. "Se isso não for resolvido neste ano, teremos uma crise profunda em 2012", afirma Natalino Salgado, reitor da Universidade Federal do Maranhão. Os hospitais funcionam com 26 mil funcionários contratados sem concurso – o que é ilegal – e tem mais de 1.500 leitos desativados. A empresa seria a solução para resolver esses problemas. O secretário de Ensino Superior diz que há consenso no Congresso Nacional a respeito do tema e que a criação da empresa deve ser aprovada sem maiores percalços.